Teste de estanqueidade em tubulações de gás
Teste de estanqueidade significa verificar se algo está estanque, hermético, sem vazamento. Um teste de estanqueidade em tubulações de gás, tem como objetivo examinar o sistema de forma a garantir que não há nenhum vazamento. Trata-se de um procedimento obrigatório para proporcionar efetividade e segurança ao sistema.
Vazamentos de gás podem expor as pessoas a graves consequências. Além do risco de explosões, o fluido que se acumula no ambiente pode causar morte por asfixia. Entretanto, com um simples teste, é possível prevenir tal ocorrência e, dessa forma, preservar a saúde e a integridade de todos os usuários do sistema.
Nesse artigo, iremos entender a importância de fazer o teste de estanqueidade nas tubulações de gás, como é possível fazê-lo e qual sua validade.
O que é afinal o teste de estanqueidade
O teste de estanqueidade, como o próprio nome sugere, consiste em testar um sistema de gás encanado, antes que se comece a utilizá-lo ou sempre que houver suspeita de vazamento. Trata-se de um procedimento realizado com ar comprimido, que não representa riscos caso se detecte um vazamento. Isso porque, ainda que a tubulação tenha sido corretamente instalada por profissionais qualificados, ela não está 100% isenta de problemas.
Por que o teste de estanqueidade no sistema de gás é importante?
Primeiramente, consideremos que o teste de estanqueidade é uma exigência do Corpo de Bombeiros, segundo o qual ele é a única maneira de garantir que não existe vazamento de gás em um sistema. Não estamos falando de algo opcional ou destinado apenas a ocasiões nas quais suspeita-se de algum problema. É uma medida preventiva e uma forma de manter-se em dia com as leis. Você cuida da segurança dos usuários e ainda evita problemas em caso de fiscalização.
Muitas pessoas acreditam que não precisam fazer o teste de estanqueidade nas tubulações pelo simples fato de não sentir cheiro de gás no seu apartamento ou prédio, mas a maioria dos acidentes ocorre em vazamentos que não são detectados a tempo. Como exemplo, podemos citar o Shopping de Osasco, onde muitas tubulações construídas de forma errada passavam por dentro de forros de gesso e outros ambientes que podem gerar confinamento. Junto com ar atmosférico e uma simples ignição, como acender uma lâmpada podem ocasionar um sério acidente.
Como o teste de estanqueidade em tubulações é realizado?
O teste de estanqueidade em tubulações acontece como um ciclo com base em quatro fases fundamentais:
1- Enchimento por pressurização da tubulação que está sendo testada – O primeiro procedimento consiste em inflar ar comprimido na tubulação;
2- Verificação das conexões – Logo após, observa-se as conexões, para verificar se há vazamentos na emendas e se todos os registros e válvulas estão fechados;
3- Tempo de espera para a acomodação do fluido de teste – Após algum tempo, a pressão no interior do sistema vai se estabilizar. É a partir dessa estabilização que você deve observar as possíveis alterações;
4- Análise da pressão – É necessário verificar se manteve constante ou houve uma queda eventual em um intervalo de tempo, o que caracterizaria saída do ar, um grande indicativo de vazamento.
Qual a validade do teste de estanqueidade conforme as normas vigentes ?
O teste de estanqueidade é o passo seguinte à instalação do sistema. É importante realizá-lo antes que se inicie o uso para verificar se há algum problema, que precisará ser solucionado antes de liberar para o gás.
Além disso, na norma NBR 15358 (Redes de distribuição para gases combustíveis em instalações comerciais e industriais – Projeto e execução) encontramos a seguinte informação:
4.3 Inspeção periódica
A inspeção periódica deve ser realizada em períodos máximos de 12 meses, podendo variar para menos em função de riscos decorrentes das situações construtivas e de uso de acordo com avaliação e registros realizados pelo responsável da inspeção. Em caso de indícios de vazamento de gás, deve existir inspeção imediata da rede de distribuição interna.
Ela é realizada através de verificações, a que deve ser submetida a rede de distribuição interna, destinadas a manter o correto desempenho de todos os seus componentes, constando também as providências a serem tomadas para execução da manutenção preventiva naqueles componentes que possuem vida útil pré-estabelecida ou que possivelmente poderiam apresentar problemas de fadiga, regulagem ou funcionamento.
Além disso, deve registrar os resultados e as tarefas que precisam ser executadas com a definição dos respectivos responsáveis, de forma que seja mínima a possibilidade de ocorrer alguma falha de qualquer dos componentes da rede de distribuição interna, uma vez colocada em funcionamento.
Qual o objetivo da inspeção periódica?
Ainda conforme a norma, a inspeção periódica tem como objetivo garantir que:
- a tubulação e os acessórios encontram-se com acesso desobstruído e devidamente sinalizado;
b) todas as válvulas e dispositivos de regulagem funcionam normalmente;
c) tubos, conexões e interligações com equipamentos e aparelhos não apresentam vazamento;
d) as tubulações estejam pintadas totalmente, inclusive com relação aos suportes empregados;
e) sinalização utilizada nos pontos de interesse esteja conforme o especificado;
f) os dispositivos de controle de pressão usados nas tubulações tenham sido verificados quanto à sua eficácia e ao seu funcionamento;
g) o funcionamento de todos instrumentos e medidores instalados tenham sido verificados e calibrados;
h) a inspeção dos pontos com flanges e plugs/caps da rede. O resultado da inspeção deve ser registrado e estar disponível para verificação junto à documentação técnica da rede de distribuição interna.
Que outras leis regem o assunto?
Já na NBR 15526 (Redes de distribuição interna para gases combustíveis em instalações residenciais e comerciais — Projeto e execução) encontramos a seguinte recomendação:
4.6 Inspeção periódica
Recomenda-se que sejam realizadas inspeções periódicas na rede de distribuição interna. Caso sejam realizadas, recomenda-se que aconteçam em períodos máximos de cinco anos, ou de acordo com definição da autoridade competente, podendo variar para menos em função de riscos decorrentes das situações construtivas, das condições ambientais (em especial aquelas sujeitas a atmosfera corrosiva) e de uso, de acordo com avaliação e registros realizados pelo responsável da inspeção.
E não há somente normas que tratam da periodicidade. Também existem normas a respeito de outros aspectos do teste de estanqueidade. Nesse rol, podemos citar ainda a NBR 15571 que fala sobre vedação de passagem de gases pressurizados. Assim, ela aborda o teste de estanqueidade como a única forma de saber se há mesmo um vazamento, além de ser uma exigência do Corpo de Bombeiros. Seu tema principal diz respeito a “ensaios não destrutivos e detecção de vazamentos. Ela traz o método de realização do teste, além de seus principais objetivos e particularidades.
E se um vazamento for detectado?
Caso a pressão no interior do sistema diminua durante a pressurização, teremos um indicativo de vazamento. Dessa forma, o mesmo deve ser localizado e reparado imediatamente. Em seguida, prossegue-se com o teste para verificar se foi solucionado. Colocar um sistema em uso, seja ele recém instalado ou restabelecido após um teste periódico ou a correção de um vazamento demanda responsabilidade. Também é necessário assegurar-se de que todas as possibilidades de vazamento sejam descartadas.
Vale lembrar que o cheiro de gás é o principal indício de vazamento no sistema, mas ele não é o único (e pode não estar presente em todos os casos). Discrepâncias no valor da conta de gás sem que tenha ocorrido alteração nos hábitos de consumo também podem indicar que há algo de errado com o sistema. Aliás, qualquer evento incomum sugere o contato com uma assistência técnica para realizar o teste.
Quem chamar para fazer um teste de estanqueidade na sua tubulação?
Para fazer o teste de estanqueidade, sempre chame uma empresa com registro no CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia), e que possua ao menos um engenheiro em seu quadro de funcionários. Além disso, confira as informações da empresa de engenharia e do engenheiro que podem ser encontradas no site do CREA, siga os passos abaixo:
- Entre no site do CREA- Clique aqui;
- Basta inserir um dado do profissional (nome completo ou CPF);
- Lembre-se que o profissional habilitado para ser responsável técnico dos serviços descritos são: Gás (engenheiro mecânico, engenheiro civil com restrições), SPDA – Sistema de proteção contra descargas atmosféricas (engenheiro eletricista) e Hidrante (engenheiro mecânico, civil com restrições);
- Exija um documento que comprove que o engenheiro trabalha na empresa que está sendo contratada. O REGISTRO DA EMPRESA NO CREA NÃO GARANTE QUE A EMPRESA POSSUI ENGENHEIRO EM SEU QUADRO DE FUNCIONÁRIOS). Isso evitará problemas legais em caso de acidentes e garantia de serviço;
- Instaladores de gás devem fornecer ART (Anotação de responsabilidade técnica) e laudo técnico atestando que a tubulação não tem vazamento. Exija também tais documentos;
Lembre-se de que todas as instalações de gás devem ser realizadas por um instalador de gás habilitado com supervisão de um engenheiro.